segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

KUSHO - ESCREVER NO CÉU UMA ARTE POUCO CONHECIDA




Kusho é uma palavra japonesa que significa literalmente "escrever no céu". Melhor: enquanto que ku quer dizer céu, a palavra sho designa tanto caligrafia, como escrita e manuscrito. O significado final da palavra fica a cargo da interpretação de cada leitor. No entanto, kusho é também o nome da nova série de fotografias do japonês Shinini Maruyama a que o autor atribui uma forte carga filosófica.

Sendo um fotógrafo multifacetado, Maruyama já trabalhou em diversos campos, tendo-se dedicado à captura de paisagens pitorescas do mundo japonês no início da carreira. Trabalhou em publicidade na Hakuhodo Photo Creative e mais tarde publicou dois livros que reportavam a vida quotidiana tibetana e a sua cultura. Há cinco anos interessou-se pelas técnicas e características formais da Fotografia. É neste quadro que surge a colecção "Kusho".


À primeira vista as fotografias deste trabalho podem parecer sem sentido ou com pouca criatividade. Contudo as 23 imagens das séries Kusho têm subjacente um forte conceito que o autor explica.

Representando a interacção entre tinta preta e água em superfícies brancas ou no ar, Maruyama capta imagens irrepetíveis: os milésimos de segundo exactos antes dos dois líquidos se fundirem em cinzento, que permitem ver em detalhe os processos físicos e químicos invisíveis a olho nu. O timing perfeito na captura das imagens é conseguido através de avanços recentes na tecnologia da luz estroboscópica: há fotografias que têm uma velocidade de obturação de 1/20 000 de segundo.

Jogando com o aleatório, o conceito japonês wabi-sabi está por detrás da ideia desta sessão fotográfica, significando a beleza das coisas imperfeitas, efémeras e incompletas. A própria escolha da palavra foi cuidadosa. Enquanto que ku explora o abstracto e nos leva para o campo ideal da representação como forma de ausência radical, o sufixo sho alude à escrita, porque a fotografia é também expressiva e comunica sempre qualquer coisa. Nas palavras do autor, mais que um espelho com memória este meio pode ser uma experiência conceptual, abstracta e espiritual.




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