sexta-feira, 14 de agosto de 2009

WOODSTOCK 40 ANOS



Museu guarda lembranças do Festival de Woodstock
Quem nasceu depois de Woodstock talvez não entenda o valor da geração que pregou a paz e o amor.
LÍLIA TELES e ORLANDO MOREIRA Bethel, NY
Woodstock foi um daqueles raros momentos que marcam para sempre toda uma geração, mudam comportamentos. Quem estava lá, não esquece. Foi uma época de experimentação, de cores fortes e de música - boa e alta. Agosto de mil 1969: o mundo nunca mais se esqueceria daqueles três dias. O festival de Woodstock reuniu a geração psicodélica, da paz e do amor livre, das drogas alucinógenas. Quase meio milhão de jovens sujos de lama, molhados pela chuva, acampados. Um protesto no estilo hippie contra a Guerra do Vietnã. No palco, as lendas do rock and roll. O festival que entrou para a história não aconteceu em Woodstock. A população da cidade temia que a multidão provocasse estragos. A escolha dos jovens organizadores foi uma fazenda em Bethel, um local pacato a quase três horas de distância do lugar original. Um monumento marca o local exato onde aconteceu o festival de Woodstock, onde estão registradas todas as bandas que tocaram nos três dias. Por ser tudo aberto, o som era ouvido até por quem nem enxergava o palco, a muitos quilômetros de lá. Hoje toda a memória do festival está guardada no Museu de Bethelwoods. Ele é o arquivo daquele verão, no fim de uma década histórica.A televisão já tinha mostrado o homem pisando na Lua pela primeira vez. Mas os cabeludos que abominavam a guerra, que protestavam pela paz embalados pelo rock and roll, também chocaram o mundo. Está tudo registrado em fotos, vídeos e lembranças. Michelle diz que, aos 17 anos, nunca tinha visto pessoas nuas andando para todo lado como viu em Woodstock. Mas se acostumou logo e nunca se esqueceu de como todos dividiam comida, cobertores, abrigo. O ex-policial confirma que aconteceu de tudo, menos violência. Ele conta que era um dos tentavam, sem sucesso, desviar o trânsito e desafogar as estradas engarrafadas. Não viu o show, mas, sem saber, fez parte da história. O diretor do museu mostra um pedaço da cerca original, quebrada pela multidão que invadiu a fazenda e entrou sem pagar. O museu conseguiu recuperar dois tipos de transporte que foram usados para chegar a Woodstock: um fusca pintado com o slogan da época, "Faça amor, não faça a guerra"- e um ônibus escolar, totalmente psicodélico, que as comunidades hippies usavam para viajar. Muitos deles serviram de casa e abrigo da chuva durante os três dias de festival. Embarcar no ônibus é um convite para conhecer detalhes sobre tudo que aconteceu em Woodstock. Depois daquele verão o espaço sideral ficou mais perto, a Guerra do Vietnã acabou, mas surgiram outras. O mundo perdeu um pouco da cor. Quem nasceu depois de Woodstock talvez não entenda o valor da geração que pregou a paz e o amor, mesmo que o mundo não tenha aprendido toda a lição.

Fonte: Bom Dia Brasil - Rede Globo -14/08/09 - 08h02 - Atualizado em 14/08/09 - 09h07

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