Pouco antes e pouco depois da Revolução Comunista, a Rússia fascinou o mundo com um dos movimentos mais importantes na recente história da arte. Uma exposição no Rio traz algumas das principais obras dessa extraordinária produção artística, esmagada mais tarde pela repressão comandada pelo ditador Josef Stalin.
A Virada Russa foi um laboratório de ideias e experiências artísticas acontecidas entre 1890 e 1930. “Constituiu a quebra de todos paradigmas artísticos e a construção de um novo referencial para a arte”, explica o curador, Rodolfo de Athayde.
A exposição apresenta 123 peças do museu de arte estatal de São Petersburgo, especializado em arte russa. Entre elas essa obra prima de Kandinsky, um precursor da pintura abstrata, uma representação não-realista da realidade.
Também se vê também um clássico de Marc Chagall, "Promenade", obra dedicada ao casamento feliz do artista, que se retrata ao lado da mulher, numa metáfora sobre a leveza do amor, com toques do estilo de pintura cubista, uma influência vinda de Paris.
Arte feita de materiais industriais aço, alumínio, zinco, além da madeira. É uma proposta do artista Vladimir Tatlin, empenhado na construção de objetos concretos, sem utilidade específica.
“Uma obra cujo objetivo fundamental é fazer com que esses materiais pesados sejam colocados de uma forma que eles flutuem”, diz Athayde.
O trabalho mais radical nessa exposição é o de Maliévitch. Três quadros – “A cruz”, “O quadrado” e “O círculo negro” marcam uma ruptura com qualquer sentido de representação da arte e quebram os padrões tradicionais de se fazer um quadro conhecidos até então.
Trata-se de elementos geométricos sobre fundo branco, sem nenhuma referencia à realidade. O artista buscava uma arte pura, que ele chamava de "O zero das formas", onde não cabem a perspectiva, as nuances de luz e cor, e as figuras são chapadas. Esse novo movimento ficou conhecido como suprematismo. No final dos anos 20, a arte libertária começou a ser substituída pela estética da realidade, adotada a partir de 1930 como política oficial e única para a cultura, no regime de Josef Stalin.
Saem as criações livres, entram as representações formais de camponeses, soldados, operários e os pôsteres de propaganda do regime. Muitos artistas que produziam essas obras eram remanescentes da vanguarda livre russa. “As base de toda gráfica estão nos conceitos desses artistas valentes, pioneiros, que se desenvolveram através desse movimento conhecido como vanguarda russa”, diz o curador.
FONTE: Do G1, com informações do Jornal da Globo
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